JORNAL A CIDADE ENTREVISTA APOLINÁRIO EM "A VOZ DO SERTÃO".
EURÍPEDES APOLINÁRIO Radialista começou a carreira em Franca e veio para Ribeirão Preto em 1975.
Quando Eurípedes Apolinário fala sobre a sua infância, gosta de citar os versos de “Romaria”, do cantor e compositor Renato Teixeira. Aqueles em que Elis Regina cantava: “O meu pai era peão, minha mãe solidão”.
- Realmente sou um caipira nascido na fazenda e filho de um peão de boiadeiro que viajava por todo o país e ficava um tempão fora de casa, conta o radialista natural de Restinga, ex-distrito de Franca.
Um dos doze filhos de dona Rosa Aparecida e Joaquim Apolinário, então moradores na Fazenda Boa Sorte, Eurípedes demonstrava desde cedo sua paixão pelo rádio. Amarrava uma lata de tomate num cabo de vassoura, sem nunca ter visto um microfone na frente, e imitava um de seus ídolos na época: José Rosa, da Rádio Nacional.
- Com uns sete anos, eu fazia o Zé Rosa apresentando o Tonico e Tinoco, que eu também adorava, lembra.
Aperitivos
Graças à célebre dupla caipira, Apolinário pensou em se tornar músico profissional, porém não conseguiu aprender nenhum dos instrumentos que tanto gostava: a sanfona e o violão.
Mas determinado a se tornar um comunicador, iniciou sua carreira em Franca na Rádio Club Hertz em 1970 com o programa “Coisas do Nosso Brasil”, especializado em música popular brasileira, e inspirado no sucesso de Moraes Sarmento, da Rádio Bandeirantes.
Na mesma emissora apresentou “A Hora da Banda” e mais tarde, “Aperitivo à Brasileira”, batizado pelo ídolo Sarmento que, em São Paulo, apresentava “Almoço à Brasileira”.
Em 1975, mudou-se definitivamente para Ribeirão Preto.
- Meus amigos queriam saber como eu iria sobreviver num local que só tinha feras. Eu disse que só vindo aqui pra saber, comenta.
Origens
Foi na Rádio Cultura de Ribeirão que Apolinário forjou seu estilo, seguindo o conselho do dono de uma rádio em Franca.
- Ele disse que eu deveria seguir minhas origens sertanejas. E foi o que eu fiz, afirma.
Logo em 1977, trouxe para a cidade e apresentou uma das etapas do Festival Arizona de Violeiros. Desde então, passou a comandar uma série de eventos sertanejos em Ribeirão e região, entre eles o mega show “50 Anos da Música Sertaneja” em São Paulo, em 1979.
Um ano depois, Apolinário foi contratado pela Rádio 79, onde trabalhou por um década. Em 1985, começa a apresentar o primeiro programa televisivo para o público sertanejo na região: “Afinando a Viola”.
- Por dez anos, percorri toda a região com shows e apresentações pela TV Record, ressalta.
Reconhecimento
Ainda na década de 80, Apolinário já era uma referência em toda a região. Em seus programas, apresentava os lançamentos sempre em primeira mão. Ter uma música tocada pelo radialista, era sinônimo de boas vendas.
Tanto que recebeu dois prêmios inéditos para um profissional de rádio. Um disco de ouro e outro de platina foram entregues pela gravadora Continental/Chantecler por reconhecimento ao trabalho em favor da música sertaneja.
- Eles diziam que eu era um grande vendedor de discos e por isso me entregaram os mesmos prêmios que costumavam destinar apenas aos artistas, lembra.
Apolinário revela que nunca cobrou jabá para tocar um artista em seu programa. O jabá, ou jabaculê, é o dinheiro que determinadas rádios cobram para divulgar um cantor.
- Nunca fiz este tipo de coisa, que pra mim é um desastre. Se tudo dependesse de jabá, os grande clássicos da MPB nunca mais tocariam nas rádios, explica.
Verdadeira música
Depois de outros dez anos na Clube AM, Apolinário está de volta à 79 AM. Líder de audiência no horário, informa que seu público hoje é bem mais heterogêneo.
- Meu ouvinte vem de todas as camadas sociais e de todas as faixas etárias, garante.
E não pensem que, para isso, o radialista baixa o nível de sua programação.
A prioridade no “Programa do Apolinário” são clássicos de velhas duplas como Tonico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho, passando por várias gerações da música sertaneja dos últimos trinta anos.
- Eu sinto que esta nova safra de sertanejos tem resgatado a música raiz e procurando regravar antigos sucessos, acredita.
O radialista afirma que sempre procurou manter uma linha que prioriza o que ele diz ser a “verdadeira música”.
- O Programa do Apolinário é uma galeria da verdadeira música sertaneja com os clássicos que o Brasil conhece, ressalta, repetindo com voz de veludo o bordão que chega diariamente às casas de vários ouvintes.
Para Apolinário, a receita de um grande comunicador é simples:
- Tenho o mesmo entusiasmo hoje do que quando comecei, há mais de trinta anos. A rádio é meu parque de diversões, conclui o radialista.
Brotos de Raiz
Festival comandado por Apolinário incentiva novas e velhas gerações
Nos últimos dois anos, Apolinário comanda o Festival Sertanejo Brotos dae Raiz, que apresenta jovens artistas apadrinhados por veteranos.
Em 2006, a dupla vencedora Renan e Silvier recebeu como prêmio instrumentos novos em folha e uma apresentação no programa Viola, Minha Viola. da TV Cultura de São Paulo.
No ano passado, a dupla vencedora na categoria adolescente foi premiada com um garrote e a dupla mirim recebeu um carneiro.
- O festival é uma forma de incentivar os jovens talentos e também mostrar o valor dos veteranos, informa.
Sempre atento às novidades, Apolinário aproveita para divulgar o seu site na internet, o www.programadoapolinario.com.br e avisa: o programa que hoje é apresentado de segunda a sexta, das 15h às 18h, na 79 AM, vai ser transmitido pela internet.
- Quero rodar o mundo com esta nova tecnologia. Mas claro, sempre respeitando a tradição, argumenta.
Matéria: Régis Martins
Foto: Matheus Urenha
Fonte:
http://www.jornalacidade.com.br/noticias/63360/a-voz-do-sertao.html
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